Autor: Jair Raupp
Data de publicação: 15/01/2025
É início de ano, um momento que naturalmente convida à reflexão e à renovação. Para os líderes empresariais, é uma oportunidade única de revisar o que foi bem-sucedido e o que deixou a desejar no ano anterior. Mais importante, é o momento de planejar os passos que guiarão a organização no ano que se inicia. E, nesse contexto, manter uma gestão simplificada e focada pode fazer toda a diferença.
Lembro-me de uma mesa redonda sobre Gestão de Demanda em que participei no final do ano passado. Quando questionado sobre os indicadores necessários para um bom planejamento de demanda, surpreendi alguns ao dizer que apenas dois bastariam: um indicador de dispersão, como o WMAPE (Weighted Mean Absolute Percentage Error), e um indicador de média, como o Sinal de Rastreamento.
Essa abordagem enxuta contrasta fortemente com a tendência de muitas empresas de implementar dezenas de indicadores, nem todos diretamente relevantes à sua gestão. Porém, ao adotar uma gestão simplificada, as empresas podem concentrar seus esforços nos dados que realmente importam, evitando a complexidade excessiva e promovendo uma tomada de decisão mais ágil e eficaz.
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O que são WMAPE e o Sinal de Rastreamento?
O WMAPE é uma métrica de erro de previsão que pondera o impacto de cada item com base em seus volumes. Seu cálculo é feito dividindo a soma dos erros absolutos ponderados pelo volume real:
Focar em indicadores essenciais permite uma análise mais clara e direta, reduzindo a complexidade e facilitando a implementação de ajustes rápidos e eficazes, promovendo decisões mais ágeis e bem fundamentadas.
Ao incorporar métricas como o WMAPE, as empresas conseguem monitorar suas previsões de maneira mais eficiente, alinhando-se aos princípios de uma gestão simplificada.
SR – Sinal de Rastreamento
O Sinal de Rastreamento (SR), por sua vez, mede a estabilidade das previsões ao longo do tempo. Ele é útil para detectar se há um viés significativo nos erros de previsão. É calculado dividindo o acumulado dos erros das previsões pelo Desvio Padrão (σ):
Integrar o Sinal de Rastreamento permite que as empresas identifiquem rapidamente desvios e ajustem suas estratégias de previsão com precisão. Essa abordagem reduz a complexidade dos processos de análise, garantindo uma gestão simplificada, com decisões baseadas em informações claras e focadas, alinhadas com os objetivos operacionais e estratégicos da organização.
Esses dois indicadores, usados em conjunto, proporcionam uma visão clara e objetiva sobre a precisão e a tendência das previsões, permitindo ajustes rápidos e eficazes.
Como o Excesso de Indicadores Compromete a Gestão Simplificada
Nessa mesa redonda, um colega falou apaixonadamente sobre o software que comercializava, destacando sua capacidade de gerar diversos indicadores. No entanto, nem todos estavam diretamente relacionados à gestão de demanda. Esse é um erro recorrente: acreditar que mais informação equivale a melhores resultados. Na prática, monitorar muitos indicadores demanda mais recursos, gera complexidade e exige especialistas, além de desviar o foco do que realmente importa.
Esse problema reflete o excesso de informação do mundo moderno. Hoje, somos bombardeados por dados de todos os lados, mas isso nem sempre se traduz em melhores decisões. De fato, a abundância de dados pode levar à paralisia por análise, um cenário em que o excesso de informações dificulta discernir o que é verdadeiramente relevante. Uma gestão simplificada, por outro lado, ajuda a cortar o ruído, concentrando-se no que realmente importa.
Gestão Simplificada na Prática: Lições do Paulistinha
Como piloto de avião e planador me vem à mente uma boa analogia para o que realmente importa para a gestão.
Em grandes aeronaves comerciais há dezenas de instrumentos, cada um com uma função específica, alguns críticos, outros de apoio. No entanto, em um avião de treinamento como o Paulistinha (Paulistinha CAP-4), o piloto precisa apenas de três instrumentos para voar: velocímetro, altímetro e bússola.
Esses instrumentos representam o mínimo necessário para manter o controle e garantir a segurança do voo e esses instrumentos são os mesmos que permitem o mínimo para o grande voo comercial.
De maneira semelhante, nas empresas é crucial identificar quais são os “instrumentos” — ou indicadores — que realmente fazem a diferença. Isso não significa abrir mão de informações detalhadas, mas sim priorizar os dados cruciais para uma gestão simplificada e eficaz.
KPIs x OKRs: Entendendo a Diferença
Aqui preciso trazer um ponto importante: diferenciar KPIs (Indicadores-Chave de Performance) de OKRs (Objectives and Key Results). KPIs são operacionais e permanentes, usados para monitorar o desempenho em processos críticos. OKRs, por outro lado, são estratégicos e temporários, alinhados aos objetivos específicos de curto prazo da empresa. Enquanto os KPIs ajudam a empresa a “manter o voo” (velocímetro e altímetro), os OKRs indicam a direção para onde ela deve seguir (bússola).
Conclusão
A gestão simplificada não é apenas um conceito, mas uma prática fundamental para empresas de todos os portes. Concentrar-se em poucos indicadores relevantes não apenas reduz custos, mas também promove uma cultura de clareza e foco, essencial para a tomada de decisões ágeis e acertadas. Assim como no Paulistinha, onde apenas três instrumentos são suficientes para um voo seguro, líderes empresariais devem identificar os indicadores cruciais para sua realidade e priorizá-los.
Independentemente do tamanho ou setor da organização, o excesso de informação pode ser um obstáculo ao crescimento. Adotar uma abordagem simples, baseada nos dados certos, permite que as empresas naveguem com eficiência em um ambiente de negócios cada vez mais complexo. A simplicidade, longe de ser uma limitação, é a base para uma gestão estratégica, operacional e sustentável.
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Revisão e Publicação: Alidiane Xavier
