Autor: Carlos Rodrigues
Data de publicação: 06/01/2025
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A decisão de trocar o fornecedor de serviços gerenciados de TI, ou Managed Service Provider (MSP), é uma estratégia que visa otimizar o suporte e a eficiência da infraestrutura de TI, mas também implica em desafios complexos. Esta transição envolve não apenas a busca por um parceiro mais alinhado às necessidades da empresa, mas também a adaptação a novos processos e a gestão de riscos associados. Neste artigo, exploramos os principais desafios enfrentados durante a troca de fornecedor de serviços gerenciados de TI e oferecemos estratégias práticas para superá-los de forma eficaz, garantindo uma transição suave e bem-sucedida.
Aproveite a leitura!
1. Alocação de Gerente de Projeto para Coordenação da Transição
Antes de iniciar o processo de transição de um MSP (Managed Service Provider), que é uma empresa especializada em fornecer serviços gerenciados de TI, é essencial designar um Gerente de Projeto dedicado. Esse profissional será responsável por coordenar todo o processo de assessment (ou discovery) e garantir que a transição ocorra de maneira estruturada, transparente e com as responsabilidades devidamente atribuídas.
Funções do Gerente de Projeto:
• Planejamento e Execução do Assessment (Discovery): Realizar um levantamento completo dos serviços, ativos e processos operacionais atuais para mapear as necessidades e garantir que nada seja omitido na transição.
• Comunicação Eficiente: Facilitar uma comunicação clara e constante entre todas as partes envolvidas, incluindo a empresa, o MSP atual e o novo MSP.
• Acompanhamento das Etapas e Responsabilidades: Monitorar o progresso das tarefas de transição, garantindo que cada etapa seja cumprida conforme planejado.
• Tabela RACI: Definir claramente as responsabilidades de cada parte usando a tabela RACI (Responsável, Aprovador, Consultado, Informado), para evitar sobreposição de atividades e garantir que todas as funções estejam claras.
• Avaliação de Riscos: Identificar possíveis riscos associados à transição e desenvolver estratégias de mitigação.
• Cronograma e Documentação Compartilhada: Estabelecer um cronograma com prazos realistas e disponibilizar uma documentação centralizada para registro das atividades, permitindo que todos os stakeholders tenham acesso aos mesmos dados.
• Estruturação das Etapas por Relevância e Prioridade de Serviços: Organizar a transição de acordo com a criticidade dos serviços, assegurando que as operações mais essenciais da empresa recebam a devida atenção e estejam entre as primeiras a serem migradas.
• Reuniões Diárias e Semanais: Promover reuniões diárias de no máximo 30 minutos para alinhamento das atividades e reuniões semanais para avaliação das etapas da transição (sprints), garantindo que o projeto esteja sempre no caminho certo e permitindo ajustes rápidos quando necessário.
A presença de um Gerente de Projeto especializado garante que cada etapa seja cuidadosamente executada e documentada, reduzindo a possibilidade de erros, atrasos e conflitos durante a transição para o novo MSP.
2. Transição do Conhecimento e Continuidade Operacional
Um dos primeiros desafios é garantir uma transferência de conhecimento eficiente entre o antigo e o novo fornecedor. O processo de Knowledge Transfer (KT) é crucial para que o novo MSP compreenda o histórico de problemas, as configurações atuais dos sistemas e as práticas estabelecidas, evitando assim interrupções nos serviços.
• Desafio: Atrasos ou falhas na transferência de conhecimento podem resultar em queda na qualidade dos serviços e em maior tempo de resposta para incidentes críticos.
• Solução: Um plano estruturado de KT, com etapas de treinamento e documentação de processos, minimiza esse risco, além de promover uma curva de aprendizado mais rápida para a nova equipe de TI.
3. Integração e Alinhamento de Processos de TI
A adaptação aos processos do novo MSP pode ser outro obstáculo, especialmente se houver diferenças significativas nos métodos de trabalho e ferramentas utilizadas.
• Desafio: A empresa e o MSP precisam alinhar processos como gestão de incidentes, problemas, mudanças e ativos, para manter uma operação coesa e evitar conflitos.
• Solução: Realizar uma avaliação detalhada dos processos e ajustar as práticas com base em frameworks reconhecidos, como ITIL e COBIT, facilita a integração. Além disso, a criação de SLAs (Acordos de Nível de Serviço) claros e bem definidos ajuda a garantir a transparência nas responsabilidades e expectativas de ambas as partes.
4. Gerenciamento de Mudanças e Adaptação Cultural
A troca de fornecedor requer que a empresa e os usuários internos se adaptem a uma nova abordagem de suporte e ao relacionamento com o novo MSP. Frequentemente, isso envolve mudanças na cultura organizacional e nas expectativas do serviço.
• Desafio: A resistência à mudança por parte dos funcionários pode reduzir a eficácia do novo serviço e até mesmo gerar falhas na adesão às novas práticas.
• Solução: Investir em uma comunicação transparente, destacando os benefícios da mudança e promovendo treinamentos para adaptar a equipe, são estratégias que facilitam a aceitação do novo fornecedor. O engajamento dos stakeholders também é fundamental para o sucesso da transição.
5. Gerenciamento de Ativos e Controle de Inventário
Outro ponto crítico é o controle preciso de ativos de TI. A gestão adequada de ativos evita surpresas e custos inesperados, permitindo uma transição mais suave e com menor impacto financeiro.
• Desafio: Inventários desatualizados ou incompletos podem resultar em atrasos e dificuldades operacionais, além de expor vulnerabilidades.
• Solução: A implementação de uma gestão de ativos rigorosa, com uma base de dados centralizada e ferramentas de monitoramento, ajuda a manter a integridade e o controle dos recursos. Esse processo inclui desde a aquisição até a desativação dos ativos, garantindo a continuidade e o uso eficiente dos recursos da empresa.
6. Planejamento Financeiro e Custos de Transição
Mudanças de fornecedores também implicam em custos de transição que vão além do valor do contrato, incluindo treinamentos, ajustes em processos e possíveis atualizações tecnológicas.
• Desafio: Custos inesperados durante a transição podem impactar o orçamento e gerar desafios financeiros a longo prazo.
• Solução: O planejamento financeiro detalhado é essencial, considerando tanto os custos diretos quanto os indiretos. Uma avaliação de ROI (Retorno sobre Investimento) ajuda a justificar a troca e proporciona uma base para monitorar os benefícios alcançados com o novo MSP.
7. Avaliação dos Processos Críticos de Negócio e o Plano de Continuidade de Negócios (BCP)
A continuidade operacional da empresa depende fortemente da resiliência dos processos críticos de negócio. Ao trocar de MSP, é fundamental avaliar como esses processos serão impactados e assegurar que o Plano de Continuidade de Negócios (BCP) esteja bem alinhado com o novo parceiro de TI.
• Desafio: A ausência de um BCP atualizado ou alinhado com o novo MSP pode expor a empresa a riscos em caso de interrupções imprevistas, afetando diretamente a operação e a entrega de valor aos clientes.
• Solução: Revisar e atualizar o BCP em conjunto com o novo fornecedor garante que todos os processos críticos estejam cobertos. Além disso, o MSP deve realizar simulações de continuidade para verificar a prontidão em cenários de emergência, evitando tempo de inatividade e garantindo a proteção dos interesses do negócio.
8. Segurança e Compliance
Durante a troca de fornecedores, questões de segurança e conformidade precisam ser prioridade. A empresa deve garantir que os processos de segurança do novo MSP estão alinhados com as políticas e normas regulatórias da organização.
• Desafio: Vazamentos de dados ou falhas de segurança podem ocorrer se as práticas de segurança não forem rigorosamente seguidas durante a transição.
• Solução: Auditorias regulares e a inclusão de cláusulas de compliance e segurança nos contratos são essenciais para proteger a integridade dos dados e a confidencialidade da informação.
9. Estabelecimento de Indicadores e Monitoramento do Desempenho
Finalmente, é fundamental monitorar o desempenho do novo MSP para avaliar se as expectativas estão sendo atendidas.
• Desafio: Sem KPIs (Indicadores-Chave de Desempenho) definidos, a empresa não consegue medir o sucesso do MSP e pode perder a oportunidade de ajustar processos e melhorar a performance.
• Solução: O estabelecimento de KPIs como tempo de resposta, taxa de resolução de incidentes e disponibilidade dos serviços permite uma análise contínua e objetiva da qualidade do serviço prestado.
10. Governança Estratégica e Vigilância Ativa
Para garantir o sucesso da relação com o novo MSP e minimizar futuros desafios, é essencial que a organização mantenha uma governança estratégica robusta sobre os serviços gerenciados de TI. Essa vigilância ativa permite que a empresa acompanhe a evolução dos processos de gestão, assegurando que estejam sempre atualizados, documentados e sob o controle da empresa. Dessa forma, qualquer mudança futura de MSP pode ocorrer de forma estruturada e sem grandes interrupções ou traumas.
Antes de iniciar a transição, é recomendável realizar uma avaliação minuciosa com o fornecedor atual, identificando possíveis lacunas que possam impactar a troca de MSP. Abaixo estão alguns pontos críticos que devem ser avaliados:
• Conhecimento centralizado na cabeça dos analistas: Quando informações críticas sobre o ambiente de TI estão concentradas nos analistas do MSP, há um risco elevado em caso de saída de profissionais, comprometendo a continuidade e a consistência dos serviços. Avaliar se o conhecimento está devidamente documentado é essencial para a transferência segura de informações.
• Indicadores ineficientes ou imprecisos: A ausência de KPIs bem definidos ou a utilização de métricas inadequadas pode gerar uma visão distorcida do desempenho dos serviços e dificultar a tomada de decisões estratégicas. Recomenda-se revisar os indicadores atuais para garantir que forneçam uma imagem clara e confiável da eficiência e qualidade do serviço prestado.
• Volume excessivo de horas extras sem controle efetivo: Um MSP que depende de horas extras constantes para cumprir os SLA’s sinaliza problemas na gestão de recursos, o que pode aumentar custos e impactar a produtividade. Avaliar o controle sobre horas extras ajuda a empresa a ter uma visão realista sobre a eficiência do MSP.
• Documentação desatualizada dos processos e ativos de TI: Sem uma documentação detalhada e atualizada, a organização pode enfrentar dificuldades na gestão de ativos e na replicação de procedimentos durante a transição. Recomenda-se avaliar a qualidade e a atualização da documentação para garantir que esteja alinhada com as necessidades operacionais.
• Falta de auditorias regulares: Sem auditorias periódicas nos serviços prestados, a empresa fica vulnerável a práticas ineficazes e custos desnecessários. Uma revisão de auditorias passadas e a frequência com que são realizadas pode ajudar a identificar áreas de melhoria e a manter um controle financeiro adequado.
Conduzir essa avaliação junto ao MSP atual possibilita identificar e corrigir essas falhas proativamente, promovendo uma relação mais saudável e controlada com o fornecedor. Essa governança também ajuda a mitigar os riscos em uma possível transição futura, oferecendo uma base sólida para adaptação a novos fornecedores e evitando interrupções na continuidade dos serviços.
11. Responsabilidade Jurídica e Shadowing no Processo de Transição
Durante uma transição de fornecedor de serviços gerenciados de TI, é crucial que a empresa que está em processo de destrato (ou rescisão contratual) mantenha uma responsabilidade jurídica formal sobre a continuidade operacional e o suporte ao novo MSP. Essa responsabilidade inclui garantir que o conhecimento e a documentação de todos os processos sejam devidamente compartilhados e atualizados, permitindo que a transição ocorra sem impactos negativos para a operação.
Para assegurar a transferência de conhecimento e mitigar riscos, é recomendável incluir no contrato de destrato uma cláusula de shadowing. Esse procedimento implica que o fornecedor atual acompanhe (shadow) todos os processos críticos junto ao novo MSP, oferecendo suporte técnico, orientações detalhadas e acesso às ferramentas e sistemas necessários.
Além disso, o contrato deve estipular que o cumprimento deste shadowing será garantido pelo MSP em distrato durante o período de transição estipulado no contrato, incluindo a transferência completa de conhecimento para o novo fornecedor. Caso a transição não seja concluída no prazo devido à ausência de documentação completa ou à falta de atualização dos processos comprometidos, o MSP em destrato será obrigado a permanecer na organização sem custos adicionais até que ambas as partes concordem que o shadowing foi finalizado corretamente.
Principais aspectos a serem garantidos pelo fornecedor atual durante o shadowing:
• Documentação Completa e Atualizada: O fornecedor em distrato deve fornecer toda a documentação necessária, incluindo manuais de procedimentos, fluxogramas, configurações de sistemas e planos de recuperação de desastres, garantindo que estejam atualizados e organizados para fácil entendimento pelo novo MSP.
• Transferência de Conhecimento Formalizada: Todos os processos operacionais e estratégicos devem ser acompanhados de sessões de shadowing, nas quais o MSP em destrato compartilha com a nova equipe as etapas e peculiaridades de cada processo, especialmente em áreas como gestão de incidentes, mudanças, problemas e ativos.
• Responsabilidade Jurídica de Continuidade: O contrato de destrato deve estipular que a empresa atual tem uma responsabilidade jurídica sobre a continuidade dos serviços durante o período de transição. Isso inclui a manutenção dos serviços até a data final do contrato e o suporte necessário para que o novo MSP assuma as operações sem interrupções.
• Acompanhamento e Relatórios de Transição: A empresa deve garantir a criação de relatórios detalhados que registrem cada etapa do shadowing, identificando responsáveis, prazos e detalhes dos processos transferidos. Esses relatórios servem como um histórico de auditoria e evidência do cumprimento dos termos de transição.
Ao estabelecer claramente essas responsabilidades e documentá-las em contrato, a empresa mitiga riscos operacionais e legais, garantindo uma transição de MSP mais segura, transparente e bem estruturada. A cláusula de permanência sem custos, caso os compromissos de shadowing não sejam cumpridos, protege a empresa e assegura que a continuidade dos serviços e a transferência de conhecimento sejam realizadas de forma completa e eficaz.
12. Benefícios da Governança Baseada no ITIL
A governança com base no ITIL traz vários benefícios para a transição e para a gestão contínua dos serviços de TI, incluindo:
• Redução de Riscos: A aplicação das boas práticas do ITIL mitiga riscos e promove uma transição organizada e alinhada com os objetivos de negócio.
• Maior Agilidade na Resolução de Incidentes: Uma base de conhecimento bem organizada e categorizada facilita o trabalho das equipes de suporte, permitindo que problemas recorrentes sejam resolvidos rapidamente e com menos escalonamentos.
• Melhoria Contínua: A governança permite uma análise contínua de desempenho, promovendo melhorias progressivas e assegurando que os serviços de TI estejam sempre otimizados.
• Transparência e Controle Aumentados: A centralização das atividades e a documentação rigorosa dos processos oferecem à empresa um controle aprimorado sobre o desempenho e a conformidade dos serviços de TI.
• Melhora da Experiência do Usuário e da Imagem do Departamento de TI: A aplicação de práticas de governança estruturadas, com categorização precisa de chamados e suporte eficiente das equipes de N1 e N2, resulta em tempos de resposta mais rápidos e soluções eficazes para os usuários finais. Isso contribui significativamente para uma melhor experiência do usuário e fortalece a imagem do departamento de TI, que passa a ser visto como um facilitador estratégico e confiável dentro da organização.
Ao implementar uma governança estruturada desde o início, com uma base de conhecimento robusta e orientações claras para categorização e escalonamento, a empresa cria um ambiente favorável para uma transição bem-sucedida e para um relacionamento contínuo eficaz com o novo MSP. Além disso, essa governança protege os interesses estratégicos da empresa, garantindo que o serviço prestado esteja alinhado aos padrões da indústria e seja resiliente em futuras trocas de fornecedores.
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Revisão e Publicação: Alidiane Xavier